O autor deste blog NÃO reconhece o novo acordo ortográfico e usa sua própria ortografia baseada em critérios lógicos.

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ALEATEORIAS XLI


Não tem jeito. Quando se trata de marcar presença na rede, o blog fica sempre em quarto ou quinto plano. Só não é mais abandonado do que meu Linkedin ou Google+ (que nem vou me preocupar em colocar o link aqui porque não vai servir para nada). Até tenho o que postar aqui (estou devendo a sinopse de pelo menos mais 3 filmes, um conto que está em fase final e cheguei a começar uma crônica sobre a morte de Sócrates — o filósofo que jogou futebol — que estava muito legal, mas travou na minha correria de fim-de-ano na escola), mas tudo isso fica para mais tarde ou até mesmo para nunca mais.
O ano de 2011 foi muito puxado e começou muito mal. Para a minha felicidade, ele termina muito melhor do que começou. Ainda assim, acho que eu gostaria de jogar boa parte dele no limbo. É claro que foi um ano de aprendizado, como são todos os anos (ou, pelo menos, deveriam ser), mas existem lições na vida que eu preferia aprender apenas ouvindo uma palestra ou lendo um livro. Não sou um empirista e, portanto, me contento com a teoria na maior parte do tempo. Pena que não seja possível viver teoricamente.
No balanço geral, as duas coisas mais importantes que aprendi este ano foram: (1) não consigo viver sem a Anna (se ainda restava alguma dúvida, os 3 meses que ficamos separados fecharam absolutamente essa questão) e (2) minha sobrevivência na profissão depende imprescindivelmente de eu recuperar algo que eu tinha de sobra no começo da carreira, que é me importar de verdade com meus alunos (ao longo dos anos, a postura dura e sádica foi muito útil, mas não serve para essa geração — deixar claro que sempre me importei, embora não de maneira igual para com todos, mas nunca fiz muita questão de demonstrar e me parece que a ausência dessa demonstração de interesse acabou mesmo se transformando em desinteresse).
A primeira resolução para o ano que vem (e, provavelmente, a única que realmente vai ser cumprida) é retomar e terminar a pós. Tenho que refazer um semestre de créditos, porque não entreguei os trabalhos de nenhuma matéria, e o TCC. Espero que a paciência e o bol$o agüentem o tranco.
No campo das esperanças, eu realmente quero parar de dar aula de manhã. Esse negócio de acordar às 5h é uma verdadeira violência contra minha natureza notívaga. Tenho certeza de que grande parte do meu stress e de todos os problemas de saúde decorrentes está relacionada ao fato de eu ser forçado pelas convenções sociais e pelas regras do sistema educacional do Estado a trabalhar na hora em que meu cérebro sabe que precisava estar descansando.
A propósito dos meus horários de funcionamento, muita gente me entende mal. Não quero ficar acordado a noite toda para pegar baladas, bebedeiras ou qualquer coisa que a noite paulistana oferece (embora vez ou outra isso possa até ser uma opção). Quero simplesmente poder usar as madrugadas para ler, escrever, desenhar, corrigir e preparar provas e trabalhos, ou seja, fazer todo o meu trabalho mental na hora em que meu cérebro realmente funciona e dormir na hora em que ele não funciona. Meu ritmo ideal seria dar aulas à tarde e à noite, voltar para casa, comer, virar a noite produzindo, dormir lá pelas 5h da manhã e acordar lá pelo meio-dia. Simples assim.
Não sei se vou escrever mais alguma coisa até o ano que vem. Provavelmente não. Então, deixo a todos os meus poucos e fiéis leitores meus votos de um 2012 muito melhor que 2011 (da minha perspectiva, isso não deve ser tão difícil), com sucessos e fracassos (porque a gente aprende com isso) na medida certa. No mais, o recado da Mafalda abaixo diz tudo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

DANCE TOWN (Dance Town) (Coréia do Sul) (2010)

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Jung-Nim Rhee (Rha Mi-ran) teve que fugir da Coréia do Norte para não ser presa. Agora, tenta se adaptar à vida numa grande cidade da Coréia do Sul, enquanto espera por notícias do marido.
Silencioso como todos os filmes sul-coreanos que já assisti, Dance Town é, na verdade, uma pequena coleção de histórias que giram em torno da protagonista. Há a adolescente grávida, a moça bem-sucedida no trabalho e encalhada na vida amorosa, a religiosa que faz caridade, o solteirão em busca de aventura… E a sra. Rhee observa e é observada por todos.
Essa linguagem de cotidiano novelesco já foi usada em vários filmes. Em geral, as histórias têm vários tons, assim como a vida. Dance Town foge dessa linha, apresentando apenas histórias dramáticas — em maior ou menor grau, mas nada que alivie a sensação de que é muito drama para um filme só, mesmo que não seja tão longo assim.
De modo geral, os coreanos se afirmam como um povo separado em dois Estados. Dance Town deixa muito claro que o sentimento não é tão unitarista assim. Embora sejam ligados pela língua e pelos costumes, coreanos do sul e do norte se provam muito distantes quando confrontados no dia-a-dia, havendo muito espaço para curiosidade, desconfiança e ressentimento. No final das contas, o que une o povo coreano é o sentimento de opressão, ainda que ela exista de maneiras bem diferentes em cada lado da fronteira.

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