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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ALEATEORIAS XXXVIII


Minha rotina foi atingida por dois falecimentos nesse fim-de-semana. Sábado à noite, Anna me ligou avisando que o cozinheiro de um restaurante que costumávamos freqüentar morreu na virada do ano e, desde então, o restaurante está fechado. Ontem de manhã, foi a vez de meu pai me ligar para avisar que meu avô morreu, depois de passar a semana quase inteira internado. Sem medo de parecer desnaturado, devo admitir que fiquei mais triste pelo cozinheiro do que pelo meu avô.
A verdade é que meus vínculos emocionais com meu avô foram rompidos há uns 15 anos, desde que tivemos que recebê-lo em casa após um AVC, do qual ele nunca se recuperou totalmente. Nunca consegui aceitar o modo como ele tratou meus pais, como se fossem escravos que deveriam se curvar diante de cada uma de suas exigências absurdas e não membros da família que estavam tentando fazer o seu melhor, inclusive sacrificando as economias da família, para que ele tivesse um pouco mais de conforto. Nesse ponto, meus pais são mais controlados. Quem realmente brigou com meu avô fui eu. Alguém tinha que dizer o que todos estavam pensando e sentindo. Desde então, só o encontrei uma vez ou outra e nunca passei de um cumprimento educado.
Mudando de assunto, amanhã a correria começa de verdade. Na semana passada, já voltei às aulas na FTML e foram definidas as minhas turmas no colégio. Amanhã, reunião de planejamento (esse é o nome oficial, porque de planejamento mesmo ela não tem praticamente nada e é até um momento bastante inútil, a bem da verdade). Ainda estou pensando no programa de História deste ano. Começamos a rascunhar alguma coisa no ano passado, mas ainda preciso fazer os últimos ajustes antes de apresentar aos colegas o programa para este ano e os dois próximos. Também não consegui adiantar a preparação das aulas das primeiras semanas como eu queria. Vou ter que correr um pouco mais com isso agora.
A cabeça está voltando a assumir o comando aos poucos. O coração ainda sente saudades e tristeza, mas a proximidade da correria que o trabalho exige parece já ter algum efeito aqui. As sessões de massagem e acupuntura também têm ajudado. No final das contas, sei que vou sobreviver, mas ainda sinto falta do alívio emocional que a presença da Anna trazia à minha vida. Enquanto estou ocupado ou em companhia dos amigos, até que tenho me virado bem, mas ainda não lido muito bem com os momentos em que estou só.
Anna me acompanhou no funeral do meu avô em solidariedade à minha mãe (elas gostam muito uma da outra e tenho a impressão de que minha mãe vai continuar tratando a Anna como a nora). Antes disso, jantamos juntos na sexta e no sábado (a do sábado não estava no programa). Reencontrá-la foi menos difícil do que eu imaginava, mas a vontade de segurar a mão dela, de dar um abraço e um beijo foi muito grande. Acho que vamos mesmo conseguir manter a amizade, embora eu queira muito mais do que isso. Também foi um bom momento para conversar algumas coisas que ainda precisavam ser ditas. Tenho a impressão de que voltamos a nos comunicar de uma maneira que não vínhamos fazendo nos últimos dois anos. Pena que seja tarde demais.


Mais da coluna “Aleateorias” no antigo Aleateorias.

2 comentários:

Dilberto L. Rosa disse...

Não seja duro com seu avô, ele teve seus motivos para ser egoísta e mal-agradecido... O perdão é uma arte difícil, porém nobre, meu caro, falo por experiência própria....

LI tudo da sua nova casa e faço minhas as tuas (excelentes) palavras quanto ao Coringão (fiquei curioso sobre o teu time de devoção, uma vez que não és corintiano e já abandonaste o SP) e quanto a volta às aulas (acho que serei "desligado" da facul onde lecionava por conta de uma discussão que tive com umas aluninhas mimadas de uma turma de Processo Civil! Putz!)! "A vida é combate"...

Sobre tuas dores e amores calados e sentidos: deixando de lado o drama "sentimental demais", como diria o poeta, legais as escolhas musicais: adoro Randy Newman, Ô, compositor bacana!

Abração, meu caro! E ame, seja como for... Ah, e apareça nos Morcegos, pô!

Makoto® disse...

Eu falo dos outros, mas reconheço que perdoar é uma habilidade que não sou bom em praticar. Quanto ao futebol, torço pelo S. José EC. E tentarei ser mais presente nos blogs dos amigos.

Conheça, também, o primeiro Aleateorias.